Descamisada

23 setembro 2013

Ontem, 21 de Setembro, todos os caminhos foram dar ao Chão das Eiras. Foi lá a nossa animada descamisada. Por volta das sete horas da tarde saímos de Alviobeira, a pé, em direção ao Chão das Eiras, um fim de tarde muito quente o que fazia adivinhar uma noite agradável, mesmo a calhar para a nossa descamisada. Pelo caminho fomos falando da vida, cantando, cumprimentando e convidando quem encontrámos no caminho. Quando chegámos ao Chão das Eiras já a noite caía. Uma tranquilidade apenas quebrada pela animação das vozes dos rapazes, das raparigas e da criançada que estava mais eufórica que nunca. O monte espigas esperava por nós mesmo no meio da eira. Foi só o tempo de nos colocarmos à volta da eira, devidamente acomodados e começar o nosso trabalho. O entusiasmo era tanto que depressa o monte de espigas começou a reduzir e mesmo que dissesse-mos para trabalharem um pouco mais devagar, quem conhece este Rancho, gente habituada ao trabalho, saberia logo que isso não seria possível. Se é para trabalhar é para trabalhar. Durante a descamisada, muitas foram as vezes que apareceu o milho rei, mas pelo tamanho da espiga, desconfiamos que alguns trouxeram a espiga de milho rei escondida de casa, mas tendo havido ou não batotice a verdade é que ela valeu uns valentes beijos e abraços para a animação da rapaziada e até dos mais velhos sempre ávidos de uns beijinhos. Não faltaram as cantigas, para dar ainda mais animação a esta descamisada, assim como as intrigas e até algumas conversas maldosos que só serviam para maior animação da noite. O Albino lá foi falando da sua Gracinda, que só apareceu para o bailarico, mas que por isso foi o alvo das conversas maldosas das raparigas, que a acusaram de ser uma rapariga gaiteira mas pouco dada ao trabalho. Embora os homens fossem pedindo um copo de vinho, a verdade é que o Ti Vicente desde logo avisou que isso era só no final, depois do trabalho feito haveria tempo para uma pinga, tremoços, uma aguardente e uma talhada de melão. E assim foi, depois do trabalho feito a promessa cumpriu-se e todos os que participaram na descamisada assim como o público teve direito a estas iguarias. Mas a descamisada não estava completa sem o bailarico, e para alegria de todos apareceu o ti António e o Ti Manel e aquilo é que foi bailar e cantar. Depois foi o regresso animado até a Alviobeira, claro está a pé. E a certeza que os nossos antepassados eram uns felizardos, porque as descamisadas eram de fato momentos de pura diversão e confraternização. Agora só falta malhar o nosso milho. E como já está prometido, lá para a matança do porco havemos de provar o pão feito com a farinha da nossa colheita.

1 comentários:

Celine H. disse...

O local foi muito bem escolhido, toda a envolvente parece transportar para 'outros tempos'.
Espero que se tenham divertido muito!

PS - 'antigamente' a malta também era assim gira? :)