D. Emília

09 janeiro 2017




Um dos principais objetivos de um Rancho Folclórico será o de recolher e preservar os usos e costumes de um povo e transmiti-los às gerações futuras.
Dito desta forma pode até parecer que gostamos de ficar presos a um passado e que ele nos aprisiona e nos impede de ir mais além. Quem conhece o nosso trabalho sabe que este passado que queremos preservar nunca nos impediu de ir mais além, de fazer diferente, de arriscar, de ousar, de caminhar sempre com os olhos postos no futuro, mas conhecendo a importância de conhecer o passado, para entender o presente e sonhar o futuro.
Ao longo dos vinte e oito anos do Rancho, já a caminho dos vinte e nove, fomos preservando uma entidade cultural, etnográfica, folclórica, social e comunitária à medida que fomos divulgando as raízes desta terra e das suas gentes.
Neste percurso, que chamamos de vida, muitas foram as pessoas que cruzaram o nosso caminho, com algumas, criámos empatia, partilhámos projetos e sonhos, convivemos, passando a fazer parte de nós, atrevo-me a dizer para sempre.
A saudade fica mais forte, aperta o peito e deixa os olhos rasos de lágrimas, quando vamos perdendo algumas dessas pessoas, que passaram pela nossa vida, pela vida deste Rancho, do Museu, da Associação, da Paróquia, da comunidade, da aldeia e que contribuíram com o seu trabalho, presença e apoio para o seu crescimento e desenvolvimento.
Não há como não sentir uma certa nostalgia e saudade dos momentos partilhados, dos episódios passados, das histórias vividas. É bom ter memórias, é bom fazer memória!
Nesta “nossa” terra, que felizmente também é a de muita gente, tivemos o privilégio de conviver com pessoas que sonharam o mesmo sonho e sempre nos apoiaram incondicionalmente ano após ano, dia após dia, atividade após atividade, fazendo desta Alviobeira uma terra onde acontece.
Quando perdemos o Sr. António Dias, dizemos que tínhamos perdido o nosso fã numero um, mas o Sr. António nunca estava sozinho, a seu lado estava a D. Emília e os dois, durante muitos anos, ocuparam as cadeiras da primeira fila, para assistir a muitas das atuações que este Rancho fez em festas, festivais, aniversários e momentos de convívio. Sentimos sempre da sua parte um apoio incondicional, uma presença que nos ajudava a continuar. Como era bom sentir os seus olhares orgulhosos quando dançávamos e ter a certeza dos seus aplausos.
Passados quase seis anos depois de nos despedirmos do Sr. António Dias  é agora  altura de nos despedirmos da D. Emília. Sabemos que partiu serena, assim com serena viveu a sua vida.
A nós RFEA, resta-nos agradecer a possibilidade que nos foi dada de conviver com ela.
O Rancho de Alviobeira sente-se triste, mas continuará a fazer memória da vida e história da D. Emília, assim de quantos contribuíram para aquilo que somos hoje.