GALA DE ANIVERSÁRIO E HOMENAGEM A ANTÓNIO JOÃO ANTUNES

16 abril 2019



HOMENAGEM A ANTÓNIO JOÃO ANTUNES
"Quando iniciamos a vida, cada um de nós recebe um bloco de mármore e as ferramentas necessárias para convertê-lo em escultura. Podemos arrastá-lo intacto a vida toda, podemos reduzi-lo a cascalho ou podemos dar-lhe uma forma gloriosa.“
Richard Bach
Dia 13 de Abril de 2019, um dia memorável e inesquecível, cheio de emoções, aquelas que nos enchem o coração.
Mais uma gala de aniversário e já lá vão trinta e um anos, na qual prestámos também homenagem a um dos fundadores do RFEA, o Sr. António João Antunes, já falecido.
A homenagem decorreu a par da alteração do nome da Rua do Comércio para Rua António João Antunes e o momento foi emotivo, pelo menos para mim, porque não falei do político nem do profissional, falei de um amigo.
Parece que muitos questionam o ocorrido e o mesmo tem provocado alguns momentos de acesas discussões. O sucedido causa-me alguma tristeza e até uma certa estranheza, principalmente porque se coloca no mesmo plano o reconhecimento do valor de uma pessoa, com o "trabalho", em termos burocráticos, que uma mudança de nome de rua pode trazer. Pois é, às vezes esqueço, que muitas pessoas preferem manter o seu bloco de mármore intacto e outros gastam as suas forças a reduzi-lo a cascalho!
Não que o sucedido me tire o sono (preciso de descansar porque estou empenhada em transformar o meu bloco de mármore numa obra de arte), mas não deixa de causar algum incómodo.
Para aquietar algumas almas desassossegadas, apenas referir que a homenagem não retira mérito a ninguém...
...porque quando reconhecemos o mérito de um Homem, não o estamos a retirar a ninguém.
... haverá outras pessoas merecedoras de uma homenagem!? Claro que sim... eu nem preciso ir muito longe, bem perto de mim encontro dois grandes homens, o meu pai e o meu companheiro de vida e nenhum dos dois se importou, questionou ou se preocupou com a alteração da morada nos seus documentos, porque a sua grandeza os impede de dar importância a banalidades e porque só os "grandes" sabem que o reconhecimento do valor dos outros não nos inferioriza, muito pelo contrário, engrandece-nos.
Nela
 GALA DE ANIVERSÁRIO 
O mês de Abril é o mês do aniversário do Rancho Folclórico e Etnográfico de Alviobeira e todos os anos realizamos um conjunto de atividades por forma a comemorar a amizade, os feitos e a vida deste grupo que tem tido ao longo dos anos um papel importante na vida da aldeia e na formação de muitos jovens que por aqui passaram.
Comemoramos o 31º aniversário, mas as emoções continuam a ser iguais às sentidas nos primeiros anos.
A verdade é que este grupo tem sabido reinventar-se ano após ano e ainda é capaz de surpreender, pasmar e incomodar muitas pessoas.
Nós cá vamos trabalhando, aliás é aquilo que sempre fizemos e que melhor sabemos fazer! O trabalho implica dedicação, generosidade e entrega, mas tem dado frutos abundantes e de qualidade.
Nem todos o compreendem, nem todos são capazes desta generosidade gratuita e muitos menos capazes de assumir esta responsabilidade. Embora o convite seja para todos, só alguns são audazes o suficiente para aceitar o desafio e capazes de embarcar nesta aventura, entusiasmante, desafiadora, mas também muito trabalhosa!
Não esqueçamos que há neste grupo quem há três décadas dedicam a sua vida à comunidade, à terra, às pessoas... há neste grupo pessoas que não sendo de Alviobeira trabalham nela como muitos Alviobeirenses jamais tiveram coragem de o fazer, há pessoas que em detrimento da sua vida pessoal e profissional, dão gratuitamente horas e horas do seu tempo na promoção cultural, recreativa e social desta "Alviobeira" que às vezes sabe ser ingrata e mal agradecida.
Não queremos homenagens especiais, se estivéssemos à espera disso, há muito que já tínhamos desistido, mas um pouco de reconhecimento não fazia mal nenhum e serviria de aconchego e motivação.
Um agradecimento àqueles (porque também os há e são muitos) que nos motivam com a sua presença, palavras e respeito. Sem a vossa presença, aplausos e generosidade seria impossível manter este Rancho em atividade. Aos familiares dos componentes do Rancho, aos pais que nestes dias quase parecem motoristas de táxi, tantas sãos as vezes que têm que trazer os seus filhos a Alviobeira, aos amigos de sempre e de agora, um obrigado do fundo do coração.
Por fim, mas não menos importante um abraço apertado, no qual cabe todas as palavras de agradecimento, aos componentes deste grupo único, inquieto e sonhador!































ALMOÇO 31º ANIVERSÁRIO


Mais um aniversário! 
Já lá vão 31 anos! Parece que foi ontem que tudo começou!
 Um grupo de jovens destemido e cheio de sonhos decidiu fazer um Rancho! Precisou na altura de apoio de "gente mais crescida" e conseguiu. Nascia em 1988, nos saudosos anos 80, o RFEA e com ele uma aventura única e mágica! 
No passado dia 7 de Abril , reunimos à mesa, amigos, familiares, Alviobeirenses de nascimento e de coração, dando desta forma inicio ao programa das comemorações do nosso aniversário. Agradecemos a todos aqueles que ano após ano marcam presença no nosso almoço, sem a vossa ajuda e apoio nada disto seria possível. … porque juntos somos mais fortes!" Vamos fazendo Alviobeira Acontecer!









SERRAR DA VELHA


Em épocas passadas, a Quaresma, período que vai desde a quarta-feira de cinzas até à quinta feira santa, era um tempo de silêncio profundo e de muita devoção.
Tempo de penitência, oração e jejum para todos os fiéis, onde não era permitido nem bailar nem cantar e o jejum era respeitado por todos.
Num tempo em que quase nenhuma animação havia na aldeia, “o Serrar da Velha”, que acontecia obrigatoriamente a meio da Quaresma, era encarado como um divertimento.
Durante a noite, um reduzido número de rapazes/homens dirigia-se para o pinhal mais alto da povoação e daí gritavam graças (em frases ou mais usualmente em rimas) alusivas a factos relacionados com as pessoas da comunidade.
Quando as condições geográficas o permitiam, através da existência de mais pinhais no perímetro da povoação, chegava-se mesmo a estabelecer diálogo previamente combinado entre grupos situados em pinhais diferentes.
No Serrar da Velha revelavam-se muitos namoros, até infidelidades encobertas, quantas vezes levantando-se calúnias. Muitas situações delicadas se criaram com as pessoas atingidas ou seus familiares a perseguirem quem se julgava serem os autores das rimas.
O reduzido número de participantes tinha por objectivo, por um lado, a manutenção do segredo do anonimato, anos fora, consoante a gravidade das acusações ditas, por outro, permitir uma mais fácil fuga.
E em caso de fuga forçada, chegavam a dividir-se, indo cada um para o seu lado, reunindo-se posteriormente em local previamente combinado.
Quem ia serrando a velha embora o funil já distorcesse a voz, ainda mais a disfarçava, mesmo na pronúncia a fim de não ser reconhecido.
O Serrar da velha faz parte do plano de actividades do Rancho já a algum tempo, que inicialmente optou pela recriação ao ar livre, aproximando-a do original, mas que depressa percebeu que o Serrar da Velha teria que passar por um espectáculo de palco, já que as nossas aldeias já não são tão silenciosas, escuras e místicas como noutros tempos.
O Rancho viu-se assim obrigado a repensar a forma de manter viva a tradição e despertar nas pessoas a vontade de assistir à recriação/espectáculo, acabando por optar por apresentá-lo num espaço fechado.
Apresentado de formas diferentes ao longo dos anos, desde reconstituição, comédia, espectáculo multimédia, a verdade é que a essência do Serrar da Velha está sempre presente e o testamento da velha em nenhum deles pode faltar.
Este ano o Serrar da velha, continuou em registo de comédia, arrancando muitas gargalhadas aos presentes.
Em palco um casal de idosos, no qual a Albertina, farta de cuidar do seu Manel e na impossibilidade de fazer a vida das suas comadres que iam para todo o lado, desde excursões, universidade sénior e até programas de televisão, desejava a morte do seu marido. No dia que finou, o marido acordou a lembrar-se de histórias passadas, e do Serrar da Velha. A nostalgia de outros tempos, as histórias passadas foram o mote para o desenrolar da história.
A conversa com as comadres à espera do padeiro, com a Maria Palmira e do Patrocínio que esperavam o táxi para ir ao programa da Cristina e com a Ti Chica, a “Bruxa” da aldeia, foram reforçando o desejo da Ti Albertina "despachar" o seu Manel.
Não faltou o velório do Manel, a visita da filha da França e da filha ilegítima do Manel, a Vanessa.
Quase no final da peça, o Manel "o morto" ressuscitou, ainda a tempo do "serrar da velha". O testamento da velha contemplou várias pessoas, na sua maioria componentes do Rancho. A gargalhada foi uma presença constante ao longo de toda a peça.
Mas o Rancho continuará a fazer "Alviobeira Acontecer", durante o mês de Abril, com a comemoração de mais um aniversário, que conta já com trinta e um anos de vida, com um conjunto diversificado de atividades ao longo de todo o mês.
No dia 7 de Abril, será o almoço de aniversário, no dia 13 de Abril, o Rancho junta-se à Junta de Freguesia da União de Freguesias de Casais/Alviobeira antes da noite de gala (que terá lugar no CRCA pelas 21H30) para ser promovida pelas 19H uma cerimónia pública de descerramento das placas com o nome do ex-autarca e um dos fundadores do Rancho – António João Antunes, terminando as comemorações no dia 27 de Abril com o Festival de Folclore.