FESTA DOS TABULEIROS

10 julho 2019



















Eu não sou tão forte quanto eu mesmo previa, nem tão fraco quanto eu temia. Não tenho o passo rápido como eu gostaria, nem paraliso como poderia. Aprendi a equilibrar-me nos extremos. Se não tenho o direito de escolher todos os acontecimentos, simplesmente me posiciono de acordo com os fatos. No final, o que me move não é forte o suficiente para me derrubar, mas é intenso o bastante para me fazer ir além” (Fernanda Ganoa).
Para quem há trinta e um anos se dedica de corpo e alma à divulgação das tradições da sua terra e das suas gentes, a festa dos tabuleiros, como não podia deixar de ser, é um momento especial na vida do grupo (RFEA) e como tal é vivido com a alegria, entrega, e dedicação que lhe é reconhecido.
O Rancho fez uma pausa nas suas actividades e reservou o fim-de-semana para marcar presença na grande festa dos tabuleiros.
A família reuniu-se e o RFEA, teve o prazer e o orgulho de representar Alviobeira e a freguesia na nossa cidade.
Para um grupo habituado a dar o seu melhor no que diz respeito à representação e divulgação dos usos e costumes da sua terra, no qual todos têm lugar independentemente da idade, que se orgulham do trajo que vestem não por vaidade mas pela sua história, que não baixam os braços mesmo quando o cansaço impera, que são capazes de multiplicar os poucos meios e do pouco fazer muito e desistir é um verbo não presente no seu vocabulário, a Festa dos Tabuleiros não podia ter sido vivida por nós de outra forma, com a alma em festa.
A festa terminou, mas os sorrisos espelhados nos rostos, os abraços, as palavras de incentivo, as lágrimas nos olhos, aquele aperto no coração, permanecerão nas nossas memórias e servirão para recordar a força e a determinação que há dentro de cada um de nós e que nos torna também especiais e únicos.
O Rancho conhece bem estes momentos, porque os vive repetidamente, nas muitas actividades que vai desenvolvendo na sua aldeia e talvez por isso as ligações entre os seus membros são para sempre e não se prendem com vaidades mas com dedicação, responsabilidade e amor, aquele amor que nasce do encontro, e que cresce na partilha dos bons e dos maus momentos e talvez por começar a ser raro de encontrar não seja por muitos compreendido.
Neste fim-de-semana o nosso palco foi a nossa bonita cidade de Tomar, os aplausos foram muitos assim como as palavras de ânimo e incentivo que nos ajudaram a cumprir a nossa missão, o que fizemos orgulhosamente e ruidosamente. (não fosse a festa feita pelo povo e para o povo, esse mesmo povo que faz barulho, fala alto e às vezes até incomoda).
Daqui a quatro anos estaremos certamente presentes na Festa dos Tabuleiros, até lá que o Espírito Santo no dê força e ânimo para continuar a representar a nossa terra, as nossas gentes e a nossa cidade nos muitos “palcos” deste país.

ARRAIAL DE S. PEDRO




















Há seis anos a esta parte que o RFEA realiza uma actividade para comemorar o S. Pedro, padroeiro de Alviobeira.
Nos dois primeiros anos realizámos uma Romaria, junto à igreja, com missa, procissão, venda de bolos e bailarico. Já nos últimos quatro anos optámos por realizar um arraial popular no recreio da antiga escola primária de Alviobeira, hoje entregue ao Rancho e transformada na escola de artistas do RFEA.
Faz parte do Arraial as tasquinhas com doces e salgados, sardinha assada, caldo verde e uma “espécie” de marchas populares, interpretadas pelo Rancho infantil e adulto e claro está o convívio da população.
Ensaiadas em apenas uma semana, as marchas apresentadas pelo Rancho cumpriram o seu papel: divertir os “marchantes” e o público.
Todos os anos o Rancho escolhe um tema, desenvolvendo as suas actividades à volta do mesmo. Este ano, como não podia deixar de ser, já que é o ano da grande festa dos tabuleiros, o tema escolhido foi festas e romarias.
A marcha do Rancho adulto, com letra da Nela e música do Zé Carlos e da Nela, e com a preciosa contribuição do nosso acordeonista João Paulo, que faz o favor de passar para pauta o nosso trautear desafinado, tinha como tema “A Romaria” e contava a história do Manel e da Maria, do Chico e da Palmira, do Alfredo e da Joaquina que dê por onde der, à Romaria não podem faltar.
As roupas, porque a poupança é necessária, são obtidas da generosidade do Sport Clube de Ferreira do Zêzere que nos vai emprestando algumas roupas de marchas antigas, e da criatividade e bom gosto deste grupo que do velho faz novo, e que faz com o vestuário aquilo a que já está habituado a fazer a si próprio: renovar-se constantemente.
A marcha do Rancho Infantil dedicada ao nosso Padroeiro S. Pedro e à Rainha Santa Isabel, com música de Gracinda Leal e letra da mesma e da Nela, também ela ensaiada numa semana, embora simples, encantou os presentes.
No dia em que as nossas crianças participaram no Cortejo dos Rapazes, agradecemos aos pais e claro está às crianças a sua boa vontade em fazer-se presente no Arraial e na marcha depois de uma manhã tão cansativa.
No ano em que tanto se fala da ausência da festa anual em Alviobeira, a verdade é que esta Alviobeira teima em acontecer e a proporcionar durante todo o ano oportunidades de encontro e convívio.
Mesmo sem festa anual, Alviobeira vai realizando quase todos os meses uma qualquer actividade lúdica desenvolvida pelas várias entidades/associações da terra, apesar dos mais críticos nem sempre se fazerem presentes, esquecendo-se assim de incentivar e premiar o esforço de quem se dedica continuadamente, ano após ano, (e durante todo o ano) à dinamização da sua terra.
Mas voltamos às marchas e ao gozo que nos deu a sua preparação. Se houve alguém que se divertiu com a marcha, fomos nós: quem a escreveu, musicou, ensaiou e dançou.
Com letra divertida, escrita e vendida na nossa colecção de cordel que já vai no seu oitavo livro, possibilitando o acompanhamento da letra por parte dos presentes, com coreografia simples e alegre, divertiu os presentes e coloriu o arraial de S. Pedro.
Por fim agradecemos a boa vontade da marcha do Sport Clube de Ferreira do Zêzere, que não sendo da freguesia aceitou descer a esta terra (que também contribui com alguns elementos para a sua marcha anual) e que nos premiou com a sua presença e que tornou o nosso arraial ainda mais animado.
Afinal as coisas só são complicadas quando nos esforçamos e canalizamos os nossos esforços para as tornar assim. Que o remédio para alguns males seja "marchar" que embora faça rima com contar, são coisas bem diferentes. Não percamos tempo a contar o nosso "imobilizado corpóreo", quando o que tem realmente valor é o incorpóreo, aquele que exige maior sabedoria a adquirir, mas uma vez alcançado é de valor incalculável.
Depois da azáfama passada, (e como é bom ver o recreio da nossa antiga escola assim dinamizado) sabemos que valeu a pena. Foi para nós RFEA, um prazer preparar este Arraial e quando fazemos as coisas com gosto e de coração, nada pode correr mal.
Esta “máquina” que trabalha à base do amor e é oleada pela amizade genuína e pela entrega gratuita, é imparável e indestrutível. Os mais “limitados” não a conseguem compreender, e ficam confusos com o seu mecanismo que é do mais básico que existe, mas apenas decifrável por quem tem um coração puro e uma mente aberta e iluminada.
Para desocupar a cabeça com aquilo que não nos engrandece e aprendermos a dar valor às pequenas coisas, nada melhor que “marchar”!