Um dos
principais objetivos de um Rancho Folclórico será o de recolher e preservar os
usos e costumes de um povo e transmiti-los às gerações futuras.
Dito desta forma
pode até parecer que gostamos de ficar presos a um passado e que ele nos
aprisiona e nos impede de ir mais além. Quem conhece o nosso trabalho sabe que
este passado que queremos preservar nunca nos impediu de ir mais além, de fazer
diferente, de arriscar, de ousar, de caminhar sempre com os olhos postos no
futuro, mas conhecendo a importância de conhecer o passado, para entender o
presente e sonhar o futuro.
Ao longo dos
vinte e oito anos do Rancho, já a caminho dos vinte e nove, fomos preservando
uma entidade cultural, etnográfica, folclórica, social e comunitária à medida
que fomos divulgando as raízes desta terra e das suas gentes.
Neste percurso,
que chamamos de vida, muitas foram as pessoas que cruzaram o nosso caminho, com
algumas, criámos empatia, partilhámos projetos e sonhos, convivemos, passando a
fazer parte de nós, atrevo-me a dizer para sempre.
A saudade fica
mais forte, aperta o peito e deixa os olhos rasos de lágrimas, quando vamos
perdendo algumas dessas pessoas, que passaram pela nossa vida, pela vida deste
Rancho, do Museu, da Associação, da Paróquia, da comunidade, da aldeia e que
contribuíram com o seu trabalho, presença e apoio para o seu crescimento e
desenvolvimento.
Não há como não
sentir uma certa nostalgia e saudade dos momentos partilhados, dos episódios
passados, das histórias vividas. É bom ter memórias, é bom fazer memória!
Nesta “nossa”
terra, que felizmente também é a de muita gente, tivemos o privilégio de
conviver com pessoas que sonharam o mesmo sonho e sempre nos apoiaram
incondicionalmente ano após ano, dia após dia, atividade após atividade,
fazendo desta Alviobeira uma terra onde acontece.
Quando perdemos
o Sr. António Dias, dizemos que tínhamos perdido o nosso fã numero um, mas o
Sr. António nunca estava sozinho, a seu lado estava a D. Emília e os dois,
durante muitos anos, ocuparam as cadeiras da primeira fila, para assistir a
muitas das atuações que este Rancho fez em festas, festivais, aniversários e
momentos de convívio. Sentimos sempre da sua parte um apoio incondicional, uma
presença que nos ajudava a continuar. Como era bom sentir os seus olhares orgulhosos
quando dançávamos e ter a certeza dos seus aplausos.
Passados quase
seis anos depois de nos despedirmos do Sr. António Dias é agora altura de nos despedirmos da D. Emília. Sabemos
que partiu serena, assim com serena viveu a sua vida.
A nós RFEA,
resta-nos agradecer a possibilidade que nos foi dada de conviver com ela.
O Rancho de
Alviobeira sente-se triste, mas continuará a fazer memória da vida e história
da D. Emília, assim de quantos contribuíram para aquilo que somos hoje.
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