Sem
o nosso fotógrafo de serviço, a nossa reportagem fotográfica é pobre, mas o
espetáculo esse foi inesquecível.
Alguns
dos componentes do Rancho não conheciam o local, mas foi preciso pouco tempo
para deixarem-se encantar pelo mesmo, que tem uma mística inexplicável. No
final do dia (um dia longo, quente e cansativo) estávamos completamente
rendidos àquele espaço e sonhávamos… era sem dúvida o espaço ideal para nós… e
logo surgiram projetos, ideias… enfim sonhos!
O
dia começou cedo. Passámos toda a manhã na limpeza e preparação do espaço
exterior, até pensámos em fazer uma empresa de limpeza de espaços antigos,
nunca se sabe!
A
movimentação no local despertou a curiosidade de alguns, um grupo de peregrinos
espanhóis que estavam a fazer o caminho de Santiago também por ali passou, mas
entre conversas e explicações sobre o que seria o espetáculo “Intimidades”, o
trabalho foi-se fazendo.
Destacamos
a boa vontade dos vizinhos, que logo se disponibilizaram em ceder a luz e a
água.
E
por volta do meio-dia, já com um “escaldão” no corpo e as mãos calejadas, fomos
almoçar.
Regressámos
ao local pelas 16H e recomeçamos os trabalhos, era altura de colocar o som, os projetores,
a passerelle, as cadeiras, ensaiar e voltar a ensaiar.
O
tempo voou e quando olhámos para o relógio já era 19H30m. Tivemos apenas tempo
para ir a casa tomar um banho rápido, comer alguma coisa, trajar e partir
novamente para o local do espetáculo.
Pelo
caminho fomos encontrando vários grupos de Alviobeirenses que decidiram ir a pé
até Ceras, a noite assim convidada. A população de Ceras também marcou presença
e a moldura humana foi-se fazendo.
À
medida que os espetadores foram chegando foram encantando-se com o local e até
os mais “críticos”, que nem sempre compreendem as opções do “artista”, não
ficaram indiferentes à magia do espaço e depressa compreenderam porque o
“Intimidades” tinha que ser ali feito, era
o sítio certo para um espetáculo que se queria íntimo mas grandioso.
A
noite chegou e com ela o local ganhava uma magia inexplicável.
As
tochas acesas, uma música ambiente no ar, tornaram o local ideal para o
“Intimidades”.
Às
21H30m o espetáculo começou, pela passerelle desfilaram os trajos do Rancho,
primeiro, os de trabalho, depois as crianças e os domingueiros.
“…A noite caía, os corpos cansados e exaustos.
Ponha-se de parte as roupas e revelava-se a intimidade e a magia da roupa
interior.
Sobre
a pele branca nunca exposta ao sol, assentava a simplicidade do algodão. A
roupa interior era também ela reflexo de uma forma de encarar a vida e de
esconder o corpo raramente revelado até mesmo na intimidade…”
E assim foi!
Desvendou-se a magia da roupa interior. E as raparigas apareceram à varanda do
solar da casa da eira, em roupa de noite, num quadro único.
Os homens desceram a
escadaria, desfilaram e dançaram com as raparigas ao som da música "Deixas em
mim tanto de ti"…
Entre o desfile dos
trajos, ouviu-se poemas de Florbela Espanca e de Alberto Caeiro, e apreciou-se
a beleza da dança.
O solar da casa da eira ganhou vida, e nós tentámos
deixar naquele local tanto de nós quanto aquele espaço fez pelo "Intimidades”.
A todos aqueles que contribuíram para a "intimidade" deste espetáculo o nosso muito obrigado.
Porque Alviobeira Acontece!
Porque Alviobeira Acontece!
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