Em épocas passadas, a Quaresma, período que
vai desde a quarta-feira de cinzas até à quinta feira santa, era um tempo de
silêncio profundo e de muita devoção.
Tempo de penitência, oração e jejum para todos os fiéis, onde não era permitido nem bailar nem cantar e o jejum era respeitado por todos.
Num tempo em que quase nenhuma animação havia na aldeia, “o Serrar da Velha”, que acontecia obrigatoriamente a meio da Quaresma, era encarado como um divertimento.
Durante a noite, um reduzido número de rapazes/homens dirigia-se para o pinhal mais alto da povoação e daí gritavam graças (em frases ou mais usualmente em rimas) alusivas a factos relacionados com as pessoas da comunidade.
Quando as condições geográficas o permitiam, através da existência de mais pinhais no perímetro da povoação, chegava-se mesmo a estabelecer diálogo previamente combinado entre grupos situados em pinhais diferentes.
No Serrar da Velha revelavam-se muitos namoros, até infidelidades encobertas, quantas vezes levantando-se calúnias. Muitas situações delicadas se criaram com as pessoas atingidas ou seus familiares a perseguirem quem se julgava serem os autores das rimas.
O reduzido número de participantes tinha por objectivo, por um lado, a manutenção do segredo do anonimato, anos fora, consoante a gravidade das acusações ditas, por outro, permitir uma mais fácil fuga.
E em caso de fuga forçada, chegavam a dividir-se, indo cada um para o seu lado, reunindo-se posteriormente em local previamente combinado.
Quem ia serrando a velha embora o funil já distorcesse a voz, ainda mais a disfarçava, mesmo na pronúncia a fim de não ser reconhecido.
O Serrar da velha faz parte do plano de actividades do Rancho já a algum tempo, que inicialmente optou pela recriação ao ar livre, aproximando-a do original, mas que depressa percebeu que o Serrar da Velha teria que passar por um espectáculo de palco, já que as nossas aldeias já não são tão silenciosas, escuras e místicas como noutros tempos.
O Rancho viu-se assim obrigado a repensar a forma de manter viva a tradição e despertar nas pessoas a vontade de assistir à recriação/espectáculo, acabando por optar por apresentá-lo num espaço fechado.
Apresentado de formas diferentes ao longo dos anos, desde reconstituição, comédia, espectáculo multimédia, a verdade é que a essência do Serrar da Velha está sempre presente e o testamento da velha em nenhum deles pode faltar.
Este ano o Serrar da velha, continuou em registo de comédia, arrancando muitas gargalhadas aos presentes.
Em palco um casal de idosos, no qual a Albertina, farta de cuidar do seu Manel e na impossibilidade de fazer a vida das suas comadres que iam para todo o lado, desde excursões, universidade sénior e até programas de televisão, desejava a morte do seu marido. No dia que finou, o marido acordou a lembrar-se de histórias passadas, e do Serrar da Velha. A nostalgia de outros tempos, as histórias passadas foram o mote para o desenrolar da história.
A conversa com as comadres à espera do padeiro, com a Maria Palmira e do Patrocínio que esperavam o táxi para ir ao programa da Cristina e com a Ti Chica, a “Bruxa” da aldeia, foram reforçando o desejo da Ti Albertina "despachar" o seu Manel.
Não faltou o velório do Manel, a visita da filha da França e da filha ilegítima do Manel, a Vanessa.
Quase no final da peça, o Manel "o morto" ressuscitou, ainda a tempo do "serrar da velha". O testamento da velha contemplou várias pessoas, na sua maioria componentes do Rancho. A gargalhada foi uma presença constante ao longo de toda a peça.
Mas o Rancho continuará a fazer "Alviobeira Acontecer", durante o mês de Abril, com a comemoração de mais um aniversário, que conta já com trinta e um anos de vida, com um conjunto diversificado de atividades ao longo de todo o mês.
No dia 7 de Abril, será o almoço de aniversário, no dia 13 de Abril, o Rancho junta-se à Junta de Freguesia da União de Freguesias de Casais/Alviobeira antes da noite de gala (que terá lugar no CRCA pelas 21H30) para ser promovida pelas 19H uma cerimónia pública de descerramento das placas com o nome do ex-autarca e um dos fundadores do Rancho – António João Antunes, terminando as comemorações no dia 27 de Abril com o Festival de Folclore.
Tempo de penitência, oração e jejum para todos os fiéis, onde não era permitido nem bailar nem cantar e o jejum era respeitado por todos.
Num tempo em que quase nenhuma animação havia na aldeia, “o Serrar da Velha”, que acontecia obrigatoriamente a meio da Quaresma, era encarado como um divertimento.
Durante a noite, um reduzido número de rapazes/homens dirigia-se para o pinhal mais alto da povoação e daí gritavam graças (em frases ou mais usualmente em rimas) alusivas a factos relacionados com as pessoas da comunidade.
Quando as condições geográficas o permitiam, através da existência de mais pinhais no perímetro da povoação, chegava-se mesmo a estabelecer diálogo previamente combinado entre grupos situados em pinhais diferentes.
No Serrar da Velha revelavam-se muitos namoros, até infidelidades encobertas, quantas vezes levantando-se calúnias. Muitas situações delicadas se criaram com as pessoas atingidas ou seus familiares a perseguirem quem se julgava serem os autores das rimas.
O reduzido número de participantes tinha por objectivo, por um lado, a manutenção do segredo do anonimato, anos fora, consoante a gravidade das acusações ditas, por outro, permitir uma mais fácil fuga.
E em caso de fuga forçada, chegavam a dividir-se, indo cada um para o seu lado, reunindo-se posteriormente em local previamente combinado.
Quem ia serrando a velha embora o funil já distorcesse a voz, ainda mais a disfarçava, mesmo na pronúncia a fim de não ser reconhecido.
O Serrar da velha faz parte do plano de actividades do Rancho já a algum tempo, que inicialmente optou pela recriação ao ar livre, aproximando-a do original, mas que depressa percebeu que o Serrar da Velha teria que passar por um espectáculo de palco, já que as nossas aldeias já não são tão silenciosas, escuras e místicas como noutros tempos.
O Rancho viu-se assim obrigado a repensar a forma de manter viva a tradição e despertar nas pessoas a vontade de assistir à recriação/espectáculo, acabando por optar por apresentá-lo num espaço fechado.
Apresentado de formas diferentes ao longo dos anos, desde reconstituição, comédia, espectáculo multimédia, a verdade é que a essência do Serrar da Velha está sempre presente e o testamento da velha em nenhum deles pode faltar.
Este ano o Serrar da velha, continuou em registo de comédia, arrancando muitas gargalhadas aos presentes.
Em palco um casal de idosos, no qual a Albertina, farta de cuidar do seu Manel e na impossibilidade de fazer a vida das suas comadres que iam para todo o lado, desde excursões, universidade sénior e até programas de televisão, desejava a morte do seu marido. No dia que finou, o marido acordou a lembrar-se de histórias passadas, e do Serrar da Velha. A nostalgia de outros tempos, as histórias passadas foram o mote para o desenrolar da história.
A conversa com as comadres à espera do padeiro, com a Maria Palmira e do Patrocínio que esperavam o táxi para ir ao programa da Cristina e com a Ti Chica, a “Bruxa” da aldeia, foram reforçando o desejo da Ti Albertina "despachar" o seu Manel.
Não faltou o velório do Manel, a visita da filha da França e da filha ilegítima do Manel, a Vanessa.
Quase no final da peça, o Manel "o morto" ressuscitou, ainda a tempo do "serrar da velha". O testamento da velha contemplou várias pessoas, na sua maioria componentes do Rancho. A gargalhada foi uma presença constante ao longo de toda a peça.
Mas o Rancho continuará a fazer "Alviobeira Acontecer", durante o mês de Abril, com a comemoração de mais um aniversário, que conta já com trinta e um anos de vida, com um conjunto diversificado de atividades ao longo de todo o mês.
No dia 7 de Abril, será o almoço de aniversário, no dia 13 de Abril, o Rancho junta-se à Junta de Freguesia da União de Freguesias de Casais/Alviobeira antes da noite de gala (que terá lugar no CRCA pelas 21H30) para ser promovida pelas 19H uma cerimónia pública de descerramento das placas com o nome do ex-autarca e um dos fundadores do Rancho – António João Antunes, terminando as comemorações no dia 27 de Abril com o Festival de Folclore.
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