MERCADO - ANOS 60 E INÍCIO ANOS 70

28 outubro 2022

FOTOS: Luís Ribeiro

Decorreu no passado dia 23 de outubro, na antiga Rua do Comércio, hoje Rua António João Antunes o Mercado à Moda Antiga, uma iniciativa do RFEA.

Habitualmente realizado no último fim de semana de outubro, este ano devido a compromissos já assumidos pelos componentes do Rancho, houve necessidade de encontrar nova data. Acabámos por escolher o dia 23 para a realização do evento, cientes que o fato de coincidir com o último fim de semana da feira de Stª Iria pudesse retirar alguma afluência ao mercado.
Nas edições anteriores, a época representada foi os finais do século XX, princípios do século XXI, época na qual assentam as recolhas do Rancho de Alviobeira e que o mesmo representa e divulga de forma verdadeira, responsável e fidedigna.
Este ano decidimos explorar e retratar um passado mais recente, dando assim um cheirinho, do modo de vida nos anos 60 e princípio dos anos 70, em Alviobeira.
A ideia inicial era vasculhar e cruzar memórias. Desta forma, iríamos permitir a alguns cidadãos mais “velhos” o recordar de outros tempos, ao mesmo tempo que os mais novos teriam acesso a um conjunto de informações e estímulos representativos de uma época que embora não muito distante, lhe é totalmente desconhecida, o que lhes permitiria ganhar uma noção mais realista e aproximada daquilo que foi a história mais recente de Alviobeira.
Trazer à tona pequenas memórias que ajudaram a construir a nossa identidade e proporcionar momentos de encontro e convívio, numa Alviobeira que teima em fazer acontecer, mesmo em tempos difíceis pós pandemia, foi o objetivo principal deste mercado.
No mercado, podia-se encontrar as habituais tasquinhas com tudo o que é bom, desde os doces aos salgados, passando pelos produtos hortícolas vindo diretamente dos nossos quintais.
A taberna/ café/ mercearia “Candonga” abriu as suas portas e foi sem dúvida a atração principal do mercado. Reviveu-se memórias e estórias passadas no local, o abafado que ali se bebia, as contas feitas em papel pardo, pelo proprietário, onde se somava a data à conta, a mercearia onde se vendia pouco de tudo, desde artigos de retrosaria, comida e bebidas, azeite, foguetes, ferragens e sabão azul à barra. Os bens como feijão, arroz, massa, café ou bolachas, frutos secos eram vendidos avulso/granel (em cartuchos de papel ou medidas de madeira de diversos tamanhos) ou a peso.
Nas entradas principais do mercado, podia-se apreciar motas e carros da época, só possível à generosidade dos seus proprietários que disponibilizaram os mesmos para estarem expostos na entrada da Rua e no largo do Coval, durante todo o dia e a quem este Rancho agradece de coração.
Um agradecimento extensivo a todas as pessoas que contribuíram com produtos para venda, bem como as alfaias para exposição. Um agradecimento especial ao Sr. Armindo pelos bolos sempre deliciosos.
Um agradecimento aos animadores do mercado, aos da casa, João Paulo, João Pedro, Afonso, Guilherme, Gil e Romeu, e aos amigos de fora, que são sempre bem-vindos João Antunes e Paulo Silva.
Aos fotógrafos de serviço e amigos generosos, Zé Ribeiro e Luís Ribeiro, o nosso muito obrigada pelas vossas fotografias que são uma explosão de emoções, que nos captam a alma e que são capazes de nos emocionar.
Aos componentes que rechearam as suas tasquinhas, como tudo o que de melhor sabem fazer e que permaneceram no mercado durante todo o dia (uns mais resilientes que outros) por vezes debaixo de condições atmosféricas adversas aquele obrigado carinhoso. A generosidade é uma virtude da dádiva. Distingue-se da justiça pelo facto de não se limitar a dar ao outro aquilo que é dele ou lhe pertence, mas sim aquilo que, sendo nosso, faz falta ao outro.
A chuva, como é habitual teimou em aparecer, tanto no sábado, dia de preparação do mercado, como no domingo. Embora não tenha impossibilitado a realização do mesmo, acreditámos que lhe tenha retirado alguns visitantes.
Este não foi um mercado de multidões, quem nos conhece sabe que também não é isso que no move, gostamos de eventos que valorizam mais a qualidade do que a quantidade.
Quem nos quis visitar, não precisou de convites, horas marcadas, nem holofotes, fê-lo sem aviso prévio e entrou "porta adentro" distribuindo abraços, sorrisos, palavras de ânimo e fez da nossa festa a sua festa.
As portas da minha/nossa casa (rancho) estarão sempre abertas a exemplo do que acontecia com a porta de casa dos meus avós, e há cheiro de café acabado de fazer, pão e queijo no armário da cozinha e rebuçados Dr. Bayer na gaveta da mesa de cabeceira.
Por fim, mesmo.. mesmo a terminar (para não incomodar os meus não leitores com textos longos e sentimentais) falta apenas dizer baixinho: “Manel Mendes não estiveste no mercado, mas nunca saíste do nosso pensamento”
Foram estas memórias que, por certo, foram vividas por muitos que passaram pelo nosso mercado. Até porque, como diz o velho ditado, “recordar é viver”.




































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