A matança foi no passado sábado, mas os trabalhos prolongaram-se durante toda a semana. Agora com a matança arrumada, olhamos para as fotos e “saboreamos” os momentos vividos em família.
Desde há muito que a matança do porco preocupava-nos, eram muitas as coisas a preparar, com a agravante das atividades, que iriam preencher dois dias de manhã à noite, estarem distribuídas por diversos locais.
Depois havia a questão dos trajos, mantê-los limpos, nestes dois dias seria complicado.
Mas tudo se fez. E foram dois dias tão intensos, tão cheios… que vão ficar na memória de todos.
Hoje temos a certeza que a matança do porco foi a chave de ouro para terminar um projeto também ele dourado, empolgante e ambicioso. Alviobeira acontece, foi o slogan escolhido para o ano comemorativo das bodas de prata, e ele traduziu de fato aquilo que aconteceu em Alviobeira: exposições, recriações, espetáculos, mercados, almoços, cinema, conferências, entre outros.
No sábado de manhã, preparámos as coisas para o almoço de domingo e de tarde partimos para a Runfeira, onde permanecemos toda a tarde e noite.
A Runfeira, atualmente desabitada, ganhou vida e animação, as vozes e os risos fizeram-se ouvir na aldeia. O forno da quinta cozia o pão de milho, como há muito não acontecia. Tudo parecia que ganhava vida, cor, cheiro e sabor.
A agitação era muita e depressa nos sentimos parte integrante daquele “quadro” que queríamos o mais verdadeiro possível. Mais do que uma recriação foi uma vivência. Não estávamos só a recriar aquilo que os nossos antepassados faziam uma a duas vezes por ano, agora éramos nós a viver esse acontecimento, e sentíamo-lo como nosso, era o “nosso” porco, o “nosso” milho, o “nosso” esforço, a “nossa família”. O tempo passou rápido de mais, pois houve sempre coisas para fazer, só mais junto à noite, com o porco já pendurado, as tripas lavadas, e as panelas a ferver, uma com uma sopa de ossos e outra com batatas e fígado guisados, sem esquecer a panela de fogo que cozinhava uns traçalhos de comer e chorar por mais, é que nos sentámos à volta da fogueira, a deliciarmo-nos com aquele comer que parecia ter um sabor diferente de tudo aquilo que alguma vez tivéssemos provado e um pão de milho saboroso, claro regado pelo bom vinho da terra.
As conversas, as brincadeiras, as cantorias animaram a noite, e o sentimento de família e de união era sentido por todos, tínhamos dito que seria o nosso jantar de Natal, e não poderia ter sido melhor. Afinal é preciso tão pouco para ser feliz…
Sem fatos de gala, sem cerimónias, sem talheres de prata, sem alcatifas e sofás… apenas um céu cheio de estrelas e o calor de uma fogueira a deitar labaredas por todo o lado, e claro, o calor humano, esse sobejava e aquecia a alma. Ali estávamos nós, sem falsidades, sem cerimónias, sem, sem, sem …mas com tanta coisa, daquelas que hoje em dia parecem rarear… e foi mágico e único.
No final da noite, alguns foram dormir um pouco, e o dia de domingo seria também ele longo e trabalhoso, enquanto outros ficaram de guarda ao porco, não fosse ele desaparecer.
No domingo de manhã, enquanto uns ficaram na cozinha a preparar o almoço, outros foram à missa. Terminada a Eucaristia, começamos a preparar as mesas, a fazer a limonada (feita pela Ti Júlia) que estava uma delícia, cortar o queijo, os enchidos, o pão e arranjar mais lugares, pois os convidados não paravam de aumentar e foram cento e trinta pessoas que nos deram a honra da sua presença.
A comida, a habitual nas matanças dos porcos estava uma delícia, e no final do almoço ainda ouve espaço para uma fatia de bolo, uns velhoses acabados de fazer, um café da cafeteira e licores caseiros.
Mas o nosso trabalho não acabou ali, depressa pegámos nos alguidares de barro onde estava a carne para cortar para as morcelas e chouriços e metemos mãos à obra. E ali na presença dos nossos convidados cortámos a carne para os enchidos, enquanto mesmo ali ao lado se dançava e batia o pé.
Este fim-de-semana foi de tal forma intenso que esta semana sempre que nos encontrámos (e foram algumas vezes pois as morcelas e os chouriços tinham-se que fazer) o assunto principal era a matança do porco.
Não sabemos quando iremos repetir a experiência, mas ficam as memórias… e essas duram uma vida…
Matança do Porco
20 dezembro 2013Publicada por Rancho F. E. Alviobeira 1 comentários
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Matança do Porco
22 novembro 2013
“…juntavam-se os homens da família e os amigos, invariavelmente convidados para a função da matança e de tudo o que girava em volta desse acto, tradicional na vida das nossas gentes de então…”
Na preservação das tradições das gentes de Alviobeira, irá ser recriada pelo Rancho Folclórico de Alviobeira, a Matança do Porco, já nos próximos dias 30 de Novembro e 1 de Dezembro.
Este Evento está inserido no Alviobeira Acontece e será o último de um ano recheado de muitas actividades e momentos inesquecíveis.
Como foi programado para a altura da Celebração do dia da Paróquia, achou por bem o Rancho e o Conselho Pastoral desenvolver em conjunto esta actividade, não fosse a matança do porco uma festa de família.
Acreditamos que nas memórias mais longínquas de grande parte de nós, gente da aldeia aqui nascida e criada, estão as matanças do porco. Eram momentos únicos de convívio e de encontro familiar.
Tradicionalmente realizada quando o frio se começava a sentir, a matança era motivo de grande alegria para a família, pois garantia parte do seu sustento ao longo do ano.
Matar um porco, era o governo de uma casa para o ano inteiro, por isso tanto cuidado na alimentação do animal, normalmente à base de beterraba, abóbora, as batatas mais miúdas, couves, às vezes algum feijão bichado e milho, que iriam possibilitar que a panela pudesse ser devidamente temperada ao longo do ano, para satisfação alimentar e felicidade da família.
Também o nosso porco, comprado à cerca de um ano atrás, foi crescendo alimentado pelos componentes do Rancho, que lá foram deixando restos de couves, batatas, aboboras, bolota e até nozes, mas, e a verdade seja dita, sem o cuidado e o trabalho do Carlos e Paulo Flores, ele não teria se desenvolvido da mesma forma.
No sábado, pelas 14H começará as actividades na Quinta da Runfeira. Todos estão convidados a assistir e a ajudar na matança do porco. A azáfama será muita, mas será certamente uma tarde de recordações, vivências únicas e de convívio.
Depois do porco morto, será altura de fazer a fogueira para chamuscar o porco e fazer a raspagem com pedaços de telhas e a lavagem.
O porco será aberto e limpo para depois ser pendurado no Chambaril até ao dia seguinte.
Caberá às mulheres ir lavar as tripas, no ribeiro ali mesmo na quinta da Runfeira.
E no final da tarde ainda temos tempo para um petisco.
Durante a tarde de sábado ainda temos que cozer o pão com o nosso milho que iremos este sábado, dia 23 de Novembro, moer no moinho junto ao Pego.
No Domingo as actividades irão começar bem cedo com a desmancha do porco e a preparação das carnes para os enchidos.
Na cozinha irá preparar-se o almoço que será servido pelas 13 Horas, no salão Paroquial de Alviobeira (mediante inscrição) depois da celebração da eucaristia pelas 10H15m.
A tarde promete ser de animação, ainda havendo um tempo reservado à paróquia.
Contamos com a sua participação.
Porque Alviobeira Acontece!
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A Srª. Amélia fez 100 anos e nós estivemos lá
28 outubro 2013
Outubro de 1913… ano em que nasceu a D. Amélia.
Foi no passado dia 19 de Outubro que fomos dançar ao aniversário da D. Amélia, que festejou a bonita idade de 100 anos.
A D. Amélia é avó da Celine (componente do Rancho há 19 anos) e que actualmente está a trabalhar em Angola com o seu marido, mas que fez questão de marcar presença no aniversário da sua avó, a ocasião assim o exigia.
Desde há muito que tínhamos combinado estar presentes, afinal somos uma família e a D. Amélia é para nós uma avó… bisavó e até trisavó.
Sorridente, bem-disposta, faladora, ao lado da sua irmã de 95 anos e de muitos amigos e familiares, foi assim que encontrámos a D. Amélia.
Dançamos danças do seu tempo e de muitos que ali estavam… é nestes momentos que o nosso trabalho ganha todo o sentido, demos por nós a comentar: “são eles que verdadeiramente nos compreendem”… uns sorrisos de rasgar a cara, uns olhares brilhantes, uma atenção a tudo o que se dança e canta… sim afinal aquilo que somos e representamos, fez parte das suas vidas, da sua juventude…
… momentos difíceis, mas onde foram genuinamente felizes.
E nós fomos ali tão felizes!
A idade ganha um colorido diferente, e compreendemos que a felicidade está naquilo que somos!
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Mercado à moda antiga
15 outubro 2013
E já passou!
Mais um dia longo, intenso, cheio de emoções…
Foi assim o domingo passado.
Há três domingos andamos nestas andanças, primeiro foi a Mostra de Cheiros e Sabores, logo seguida do mercado novecentista em Tomar e agora o Mercado à moda antiga na nossa querida aldeia. Três vendas em tão pouco tempo é obra!
As pernas e os pés estão quase a habituar-se aos dias longos, sempre em pé e de um lado para o outro. As tamancas e os sapatos já quase que não “mordem” os pés e nós quase nos sentimos uns verdadeiros vendedores.
Depois de tudo passado, olhando para trás fica já uma saudade boa, aquela que nos enche a alma e acalenta e dá força para continuar em frente, mas sejamos honestos, que foram dias complicados, lá isso foram.
Antes de mais um obrigado especial a todos os componentes do Rancho e familiares, sem vocês, nada tinha sido possível (como repetimos tantas vezes: “quem mais dá, mais recebe!”) depois um obrigado a todos os nossos amigos, os recentes e os de longa data, (não mencionamos nomes, pensamos que entre amigos isso não é preciso) sem a vossa presença, apoio, incentivo tudo seria bem diferente.
Iremos repetir o evento, disso não temos a menor dúvida, melhorando muitos aspetos, porque pretensões de sermos perfeitos não temos, tornando este mercado à moda antiga num evento das gentes de Alviobeira e de todos aqueles que queiram juntar-se a nós nesse dia.
Fizemos uma seleção de algumas fotos, para isso contribuiu a generosidade de muitos fotógrafos que por cá passaram e deixaram o registo.
A todos o nosso muito obrigado.
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Mercado à moda antiga
07 outubro 2013Publicada por Rancho F. E. Alviobeira 1 comentários
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MOSTRA DE CHEIROS E SABORES - 29 DE SETEMBRO - ALVIOBEIRA
24 setembro 2013Publicada por Rancho F. E. Alviobeira 0 comentários
Descamisada
23 setembro 2013
Ontem, 21 de Setembro, todos os caminhos foram dar ao Chão das Eiras.
Foi lá a nossa animada descamisada.
Por volta das sete horas da tarde saímos de Alviobeira, a pé, em direção ao Chão das Eiras, um fim de tarde muito quente o que fazia adivinhar uma noite agradável, mesmo a calhar para a nossa descamisada.
Pelo caminho fomos falando da vida, cantando, cumprimentando e convidando quem encontrámos no caminho.
Quando chegámos ao Chão das Eiras já a noite caía. Uma tranquilidade apenas quebrada pela animação das vozes dos rapazes, das raparigas e da criançada que estava mais eufórica que nunca.
O monte espigas esperava por nós mesmo no meio da eira. Foi só o tempo de nos colocarmos à volta da eira, devidamente acomodados e começar o nosso trabalho. O entusiasmo era tanto que depressa o monte de espigas começou a reduzir e mesmo que dissesse-mos para trabalharem um pouco mais devagar, quem conhece este Rancho, gente habituada ao trabalho, saberia logo que isso não seria possível. Se é para trabalhar é para trabalhar.
Durante a descamisada, muitas foram as vezes que apareceu o milho rei, mas pelo tamanho da espiga, desconfiamos que alguns trouxeram a espiga de milho rei escondida de casa, mas tendo havido ou não batotice a verdade é que ela valeu uns valentes beijos e abraços para a animação da rapaziada e até dos mais velhos sempre ávidos de uns beijinhos.
Não faltaram as cantigas, para dar ainda mais animação a esta descamisada, assim como as intrigas e até algumas conversas maldosos que só serviam para maior animação da noite.
O Albino lá foi falando da sua Gracinda, que só apareceu para o bailarico, mas que por isso foi o alvo das conversas maldosas das raparigas, que a acusaram de ser uma rapariga gaiteira mas pouco dada ao trabalho.
Embora os homens fossem pedindo um copo de vinho, a verdade é que o Ti Vicente desde logo avisou que isso era só no final, depois do trabalho feito haveria tempo para uma pinga, tremoços, uma aguardente e uma talhada de melão. E assim foi, depois do trabalho feito a promessa cumpriu-se e todos os que participaram na descamisada assim como o público teve direito a estas iguarias.
Mas a descamisada não estava completa sem o bailarico, e para alegria de todos apareceu o ti António e o Ti Manel e aquilo é que foi bailar e cantar.
Depois foi o regresso animado até a Alviobeira, claro está a pé. E a certeza que os nossos antepassados eram uns felizardos, porque as descamisadas eram de fato momentos de pura diversão e confraternização.
Agora só falta malhar o nosso milho.
E como já está prometido, lá para a matança do porco havemos de provar o pão feito com a farinha da nossa colheita.
Publicada por Rancho F. E. Alviobeira 1 comentários
Animação de rua nas Estátuas Vivas em Tomar
20 setembro 2013Publicada por Rancho F. E. Alviobeira 1 comentários
DESCAMISADA
13 setembro 2013Publicada por Rancho F. E. Alviobeira 0 comentários
Atuação na festa de Alviobeira.- 18 de Agosto de 2013
23 agosto 2013Publicada por Rancho F. E. Alviobeira 2 comentários
"INTIMIDADES"
03 junho 2013Porque Alviobeira Acontece!
Publicada por Rancho F. E. Alviobeira 0 comentários
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