Cantar dos Reis!

14 dezembro 2009

O Rancho de Alviobeira, desde o início da sua formação, fez os possíveis para reviver a tradição do Cantar dos Reis.
Ano após ano, e já lá vai vinte e dois anos anos, o Rancho tem cantado os reis, sempre acompanhado à concertina pelo Ti Manel.
Admiramos a sua força de vontade, a sua pontualidade, a sua coragem. Nada deita por terra a sua missão, a não ser a chuva, não por si, mas pela sua “amada” concertina, que não pode apanhar água.
No inicio do Rancho, Cantar os Reis era de facto uma momento esperado com muito entusiasmo. Naqueles anos, cantava-mos os reis durante quase uma semana, percorríamos as casas de toda a freguesia, ou quase todas. Nem o frio, nem a chuva, nem a neve nos detinha. Saíamos de casa com mantas e cobertores, mas depois de caminhar, brincar, correr, cantar, o frio acabava por desaparecer.
Actualmente o Rancho continua a percorrer as casas da aldeia, mantendo viva esta tradição, com a mesma força de vontade e entusiasmo.
Para além de proporcionar momentos de convívio únicos, esta actividade é também uma forma de angariação de fundos, tão necessários para a continuidade do Rancho.
Fica aqui o nosso agradecimento a todas as pessoas, que ao longo destes anos, nos têm aberto as portas de sua casa, e nos têm recebido com simpatia e entusiasmo.
A todos o nosso muito obrigado!

Este ano mais uma vez iremos Cantar os Reis, nos dias 2, 3, 4 e 5 de Janeiro.
Logo que possível indicaremos os lugares a visitar e os respectivos dias.

Cantar dos Reis

Todos os anos, uns dias antes do dia de Reis (6 de Janeiro), pela escuridão da noite um grupo de homens, devidamente agasalhados iam de porta em porta desejar as felicidades aos seus proprietários.
Regra geral, as quadras eram cantadas e acompanhadas à concertina e por todo o género de instrumentos que houvesse.
Quase toda a gente retribuía e recompensava o esforço dos elementos do grupo que, embora as noites fossem frias, não arredavam pé até receberem uma resposta. Esta vinha quase sempre acompanhada de uma peça de fumeiro, de vinho, ou de dinheiro.
E assim durante quase toda a noite, iam percorrendo toda a aldeia (ou as casas mais abastadas).
No final juntavam-se todas as ofertas e fazia-se uma festança com comes e bebes e os tocadores faziam um animado bailarico que durava pela noite dentro.


Algumas das quadras cantadas :


Boa noite meus senhores
Boa novas vimos dar
Vimos pedir aos senhores
Se nos deixam aqui cantar

Altas casas gentes nobres
Cantareis e ouvireis
Á porta destes senhores
São chegados os três reis


Estas casas não são casas
Estas casas são casinhas
Tanto anos vivam os donos
Como elas têm de pedrinhas

Mensagem de Natal!

10 dezembro 2009

Se este homem e esta vida que num mundo de senhores e escravos assumiu como o mais importante dos mandamentos o de amar o próximo com a nós mesmos- elegendo a igualdade, fraternidade, a solidariedade como valores maiores-, se este Homem não tivesse existido o mundo hoje não seria, seguramente o mesmo.
Talvez este Natal, seja uma boa ocasião para nos perguntar-mos a nós próprios, o que temos feito e fizemos para o mundo ser melhor, um bocadinho melhor. E um desafio para que cada um de nós se possa dar, um pouco mais, à participação cívica para melhorar as coisas. No emprego, no Centro Social, na Associação de pais, no Rancho Folclórico, no Centro Cultural e Recreativo, no Conselho Pastoral – não faltam ocasiões para contribuirmos para melhorar as coisas e fazer a vida mais feliz.
Participe, diga presente!

Tenha Boas Festas e Um Feliz Natal.
São os votos do Rancho Folclórico e Etnográfico de Alviobeira

O Natal de outros Tempos!

O Natal está a chegar!
Embora se mantenha parte do ritual do passado, a verdade é que o progresso trouxe muitas alterações ao Natal de outros tempos. O cheiro do pinheiro, do musgo, da lareira acesa, dos fritos, as conversas à lareira, foi absorvido pela azáfama do Natal, pela correria aos hipermercados, pela preocupação na compra dos presentes.
Fica-se agitado, nervoso, demasiado preocupado… No meio de tanta agitação será que ainda resta algum momento para pensar no significado desta época festiva!?
Onde fica o espírito do Natal!
Décadas atrás, chegada a noite de Natal, a família reunia-se. Esqueciam-se as tristezas e do pouco fazia-se muito.
O que faltava em dinheiro, presentes, bens materiais sobejava em espírito de família!
À luz mortiça da candeia de azeite, começava-se a fazer as filhoses, enquanto isto os mais velhos contavam aos mais pequenos histórias relacionadas com o Menino Jesus.
A ceia era regra geral bacalhau cozido com couves e batatas, temperadas com azeite.
Perto da meia noite, quando o sino tocava, toda a família se aprontava para ir à missa do galo.
Os Invernos eram rigorosos, o frio apertava, mas não o suficiente para impedir os homens, mulheres e crianças de se deslocarem à Igreja para a Missa do Galo.
Também era costume na Noite de Natal, os homens cantarem o “Cântico Bendito e Louvado sejas” no adro da igreja.

Apanha da Azeitona!

02 dezembro 2009


Este ano, é ano de azeitona!
As bagas negras luzem em abundância nos ramos das oliveiras.
Parece que este ano, os olivais ganharam a magia e o encanto de outros tempos!

Antigamente era assim:
O som do búzio rompia o silêncio da madrugada!
Nas ruas ao ouvir-se este sinal, começava logo a sentir-se alegre alvoroço de mistura de vozes e sinais de raparigas que se saudavam amigavelmente.
As mulheres e raparigas, de cesta no braço com a merenda, com o xaile traçado no peito e o lenço na cabeça, lá iam em grande alegria a juntar-se ao grupo de homens e rapazes que as aguardavam de vara ao ombro.
Reunido o grupo, lá iam para os olivais.
Nos olivais não havia “mãos a medir”, cada um cumpria escrupulosamente a sua obrigação. Os homens com as suas mãos calejadas iam ripando os ramos onde negrejavam as mil bagas luzidias.
Também havia horas admiráveis de alegria e encanto, sem quebrar o ritmo contínuo e produtivo de trabalho.
Por vezes, nos dias lindo de sol, que, não raro o Outono nos oferece, uma voz sonora e harmoniosa se erguia nos ares entoando uma cantiga:
A folha da oliveira
Quando cai no lume estala
Assim é o meu coração
Quando com o teu não fala.