Matança do Porco

20 dezembro 2013

A matança foi no passado sábado, mas os trabalhos prolongaram-se durante toda a semana. Agora com a matança arrumada, olhamos para as fotos e “saboreamos” os momentos vividos em família. Desde há muito que a matança do porco preocupava-nos, eram muitas as coisas a preparar, com a agravante das atividades, que iriam preencher dois dias de manhã à noite, estarem distribuídas por diversos locais. Depois havia a questão dos trajos, mantê-los limpos, nestes dois dias seria complicado. Mas tudo se fez. E foram dois dias tão intensos, tão cheios… que vão ficar na memória de todos. Hoje temos a certeza que a matança do porco foi a chave de ouro para terminar um projeto também ele dourado, empolgante e ambicioso. Alviobeira acontece, foi o slogan escolhido para o ano comemorativo das bodas de prata, e ele traduziu de fato aquilo que aconteceu em Alviobeira: exposições, recriações, espetáculos, mercados, almoços, cinema, conferências, entre outros. No sábado de manhã, preparámos as coisas para o almoço de domingo e de tarde partimos para a Runfeira, onde permanecemos toda a tarde e noite. A Runfeira, atualmente desabitada, ganhou vida e animação, as vozes e os risos fizeram-se ouvir na aldeia. O forno da quinta cozia o pão de milho, como há muito não acontecia. Tudo parecia que ganhava vida, cor, cheiro e sabor. A agitação era muita e depressa nos sentimos parte integrante daquele “quadro” que queríamos o mais verdadeiro possível. Mais do que uma recriação foi uma vivência. Não estávamos só a recriar aquilo que os nossos antepassados faziam uma a duas vezes por ano, agora éramos nós a viver esse acontecimento, e sentíamo-lo como nosso, era o “nosso” porco, o “nosso” milho, o “nosso” esforço, a “nossa família”. O tempo passou rápido de mais, pois houve sempre coisas para fazer, só mais junto à noite, com o porco já pendurado, as tripas lavadas, e as panelas a ferver, uma com uma sopa de ossos e outra com batatas e fígado guisados, sem esquecer a panela de fogo que cozinhava uns traçalhos de comer e chorar por mais, é que nos sentámos à volta da fogueira, a deliciarmo-nos com aquele comer que parecia ter um sabor diferente de tudo aquilo que alguma vez tivéssemos provado e um pão de milho saboroso, claro regado pelo bom vinho da terra. As conversas, as brincadeiras, as cantorias animaram a noite, e o sentimento de família e de união era sentido por todos, tínhamos dito que seria o nosso jantar de Natal, e não poderia ter sido melhor. Afinal é preciso tão pouco para ser feliz… Sem fatos de gala, sem cerimónias, sem talheres de prata, sem alcatifas e sofás… apenas um céu cheio de estrelas e o calor de uma fogueira a deitar labaredas por todo o lado, e claro, o calor humano, esse sobejava e aquecia a alma. Ali estávamos nós, sem falsidades, sem cerimónias, sem, sem, sem …mas com tanta coisa, daquelas que hoje em dia parecem rarear… e foi mágico e único. No final da noite, alguns foram dormir um pouco, e o dia de domingo seria também ele longo e trabalhoso, enquanto outros ficaram de guarda ao porco, não fosse ele desaparecer. No domingo de manhã, enquanto uns ficaram na cozinha a preparar o almoço, outros foram à missa. Terminada a Eucaristia, começamos a preparar as mesas, a fazer a limonada (feita pela Ti Júlia) que estava uma delícia, cortar o queijo, os enchidos, o pão e arranjar mais lugares, pois os convidados não paravam de aumentar e foram cento e trinta pessoas que nos deram a honra da sua presença. A comida, a habitual nas matanças dos porcos estava uma delícia, e no final do almoço ainda ouve espaço para uma fatia de bolo, uns velhoses acabados de fazer, um café da cafeteira e licores caseiros. Mas o nosso trabalho não acabou ali, depressa pegámos nos alguidares de barro onde estava a carne para cortar para as morcelas e chouriços e metemos mãos à obra. E ali na presença dos nossos convidados cortámos a carne para os enchidos, enquanto mesmo ali ao lado se dançava e batia o pé. Este fim-de-semana foi de tal forma intenso que esta semana sempre que nos encontrámos (e foram algumas vezes pois as morcelas e os chouriços tinham-se que fazer) o assunto principal era a matança do porco. Não sabemos quando iremos repetir a experiência, mas ficam as memórias… e essas duram uma vida…

Matança do Porco

22 novembro 2013

“…juntavam-se os homens da família e os amigos, invariavelmente convidados para a função da matança e de tudo o que girava em volta desse acto, tradicional na vida das nossas gentes de então…” Na preservação das tradições das gentes de Alviobeira, irá ser recriada pelo Rancho Folclórico de Alviobeira, a Matança do Porco, já nos próximos dias 30 de Novembro e 1 de Dezembro. Este Evento está inserido no Alviobeira Acontece e será o último de um ano recheado de muitas actividades e momentos inesquecíveis. Como foi programado para a altura da Celebração do dia da Paróquia, achou por bem o Rancho e o Conselho Pastoral desenvolver em conjunto esta actividade, não fosse a matança do porco uma festa de família. Acreditamos que nas memórias mais longínquas de grande parte de nós, gente da aldeia aqui nascida e criada, estão as matanças do porco. Eram momentos únicos de convívio e de encontro familiar. Tradicionalmente realizada quando o frio se começava a sentir, a matança era motivo de grande alegria para a família, pois garantia parte do seu sustento ao longo do ano. Matar um porco, era o governo de uma casa para o ano inteiro, por isso tanto cuidado na alimentação do animal, normalmente à base de beterraba, abóbora, as batatas mais miúdas, couves, às vezes algum feijão bichado e milho, que iriam possibilitar que a panela pudesse ser devidamente temperada ao longo do ano, para satisfação alimentar e felicidade da família. Também o nosso porco, comprado à cerca de um ano atrás, foi crescendo alimentado pelos componentes do Rancho, que lá foram deixando restos de couves, batatas, aboboras, bolota e até nozes, mas, e a verdade seja dita, sem o cuidado e o trabalho do Carlos e Paulo Flores, ele não teria se desenvolvido da mesma forma. No sábado, pelas 14H começará as actividades na Quinta da Runfeira. Todos estão convidados a assistir e a ajudar na matança do porco. A azáfama será muita, mas será certamente uma tarde de recordações, vivências únicas e de convívio. Depois do porco morto, será altura de fazer a fogueira para chamuscar o porco e fazer a raspagem com pedaços de telhas e a lavagem. O porco será aberto e limpo para depois ser pendurado no Chambaril até ao dia seguinte. Caberá às mulheres ir lavar as tripas, no ribeiro ali mesmo na quinta da Runfeira. E no final da tarde ainda temos tempo para um petisco. Durante a tarde de sábado ainda temos que cozer o pão com o nosso milho que iremos este sábado, dia 23 de Novembro, moer no moinho junto ao Pego. No Domingo as actividades irão começar bem cedo com a desmancha do porco e a preparação das carnes para os enchidos. Na cozinha irá preparar-se o almoço que será servido pelas 13 Horas, no salão Paroquial de Alviobeira (mediante inscrição) depois da celebração da eucaristia pelas 10H15m. A tarde promete ser de animação, ainda havendo um tempo reservado à paróquia. Contamos com a sua participação. Porque Alviobeira Acontece!

A Srª. Amélia fez 100 anos e nós estivemos lá

28 outubro 2013

Outubro de 1913… ano em que nasceu a D. Amélia. Foi no passado dia 19 de Outubro que fomos dançar ao aniversário da D. Amélia, que festejou a bonita idade de 100 anos. A D. Amélia é avó da Celine (componente do Rancho há 19 anos) e que actualmente está a trabalhar em Angola com o seu marido, mas que fez questão de marcar presença no aniversário da sua avó, a ocasião assim o exigia. Desde há muito que tínhamos combinado estar presentes, afinal somos uma família e a D. Amélia é para nós uma avó… bisavó e até trisavó. Sorridente, bem-disposta, faladora, ao lado da sua irmã de 95 anos e de muitos amigos e familiares, foi assim que encontrámos a D. Amélia. Dançamos danças do seu tempo e de muitos que ali estavam… é nestes momentos que o nosso trabalho ganha todo o sentido, demos por nós a comentar: “são eles que verdadeiramente nos compreendem”… uns sorrisos de rasgar a cara, uns olhares brilhantes, uma atenção a tudo o que se dança e canta… sim afinal aquilo que somos e representamos, fez parte das suas vidas, da sua juventude… … momentos difíceis, mas onde foram genuinamente felizes. E nós fomos ali tão felizes! A idade ganha um colorido diferente, e compreendemos que a felicidade está naquilo que somos!

Mercado à moda antiga

15 outubro 2013

E já passou! Mais um dia longo, intenso, cheio de emoções… Foi assim o domingo passado. Há três domingos andamos nestas andanças, primeiro foi a Mostra de Cheiros e Sabores, logo seguida do mercado novecentista em Tomar e agora o Mercado à moda antiga na nossa querida aldeia. Três vendas em tão pouco tempo é obra! As pernas e os pés estão quase a habituar-se aos dias longos, sempre em pé e de um lado para o outro. As tamancas e os sapatos já quase que não “mordem” os pés e nós quase nos sentimos uns verdadeiros vendedores. Depois de tudo passado, olhando para trás fica já uma saudade boa, aquela que nos enche a alma e acalenta e dá força para continuar em frente, mas sejamos honestos, que foram dias complicados, lá isso foram. Antes de mais um obrigado especial a todos os componentes do Rancho e familiares, sem vocês, nada tinha sido possível (como repetimos tantas vezes: “quem mais dá, mais recebe!”) depois um obrigado a todos os nossos amigos, os recentes e os de longa data, (não mencionamos nomes, pensamos que entre amigos isso não é preciso) sem a vossa presença, apoio, incentivo tudo seria bem diferente. Iremos repetir o evento, disso não temos a menor dúvida, melhorando muitos aspetos, porque pretensões de sermos perfeitos não temos, tornando este mercado à moda antiga num evento das gentes de Alviobeira e de todos aqueles que queiram juntar-se a nós nesse dia. Fizemos uma seleção de algumas fotos, para isso contribuiu a generosidade de muitos fotógrafos que por cá passaram e deixaram o registo. A todos o nosso muito obrigado.

Mercado à moda antiga

07 outubro 2013

MOSTRA DE CHEIROS E SABORES - 29 DE SETEMBRO - ALVIOBEIRA

24 setembro 2013

Descamisada

23 setembro 2013

Ontem, 21 de Setembro, todos os caminhos foram dar ao Chão das Eiras. Foi lá a nossa animada descamisada. Por volta das sete horas da tarde saímos de Alviobeira, a pé, em direção ao Chão das Eiras, um fim de tarde muito quente o que fazia adivinhar uma noite agradável, mesmo a calhar para a nossa descamisada. Pelo caminho fomos falando da vida, cantando, cumprimentando e convidando quem encontrámos no caminho. Quando chegámos ao Chão das Eiras já a noite caía. Uma tranquilidade apenas quebrada pela animação das vozes dos rapazes, das raparigas e da criançada que estava mais eufórica que nunca. O monte espigas esperava por nós mesmo no meio da eira. Foi só o tempo de nos colocarmos à volta da eira, devidamente acomodados e começar o nosso trabalho. O entusiasmo era tanto que depressa o monte de espigas começou a reduzir e mesmo que dissesse-mos para trabalharem um pouco mais devagar, quem conhece este Rancho, gente habituada ao trabalho, saberia logo que isso não seria possível. Se é para trabalhar é para trabalhar. Durante a descamisada, muitas foram as vezes que apareceu o milho rei, mas pelo tamanho da espiga, desconfiamos que alguns trouxeram a espiga de milho rei escondida de casa, mas tendo havido ou não batotice a verdade é que ela valeu uns valentes beijos e abraços para a animação da rapaziada e até dos mais velhos sempre ávidos de uns beijinhos. Não faltaram as cantigas, para dar ainda mais animação a esta descamisada, assim como as intrigas e até algumas conversas maldosos que só serviam para maior animação da noite. O Albino lá foi falando da sua Gracinda, que só apareceu para o bailarico, mas que por isso foi o alvo das conversas maldosas das raparigas, que a acusaram de ser uma rapariga gaiteira mas pouco dada ao trabalho. Embora os homens fossem pedindo um copo de vinho, a verdade é que o Ti Vicente desde logo avisou que isso era só no final, depois do trabalho feito haveria tempo para uma pinga, tremoços, uma aguardente e uma talhada de melão. E assim foi, depois do trabalho feito a promessa cumpriu-se e todos os que participaram na descamisada assim como o público teve direito a estas iguarias. Mas a descamisada não estava completa sem o bailarico, e para alegria de todos apareceu o ti António e o Ti Manel e aquilo é que foi bailar e cantar. Depois foi o regresso animado até a Alviobeira, claro está a pé. E a certeza que os nossos antepassados eram uns felizardos, porque as descamisadas eram de fato momentos de pura diversão e confraternização. Agora só falta malhar o nosso milho. E como já está prometido, lá para a matança do porco havemos de provar o pão feito com a farinha da nossa colheita.

Animação de rua nas Estátuas Vivas em Tomar

20 setembro 2013

Foram dois dias cansativos, mas muito animados! Valeu a pena!

DESCAMISADA

17 setembro 2013

DESCAMISADA

13 setembro 2013

É já no próximo dia 21 de Setembro, pelas 20H, no Chão das Eiras (uma eira em frente à capela) a descamisada do Rancho Folclórico de Alviobeira. Apareça! Contamos consigo

Atuação na festa de Alviobeira.- 18 de Agosto de 2013

23 agosto 2013

"INTIMIDADES"

03 junho 2013


 
Sem o nosso fotógrafo de serviço, a nossa reportagem fotográfica é pobre, mas o espetáculo esse foi inesquecível.
Alguns dos componentes do Rancho não conheciam o local, mas foi preciso pouco tempo para deixarem-se encantar pelo mesmo, que tem uma mística inexplicável. No final do dia (um dia longo, quente e cansativo) estávamos completamente rendidos àquele espaço e sonhávamos… era sem dúvida o espaço ideal para nós… e logo surgiram projetos, ideias… enfim sonhos!
O dia começou cedo. Passámos toda a manhã na limpeza e preparação do espaço exterior, até pensámos em fazer uma empresa de limpeza de espaços antigos, nunca se sabe!
A movimentação no local despertou a curiosidade de alguns, um grupo de peregrinos espanhóis que estavam a fazer o caminho de Santiago também por ali passou, mas entre conversas e explicações sobre o que seria o espetáculo “Intimidades”, o trabalho foi-se fazendo.
Destacamos a boa vontade dos vizinhos, que logo se disponibilizaram em ceder a luz e a água.
E por volta do meio-dia, já com um “escaldão” no corpo e as mãos calejadas, fomos almoçar.
Regressámos ao local pelas 16H e recomeçamos os trabalhos, era altura de colocar o som, os projetores, a passerelle, as cadeiras, ensaiar e voltar a ensaiar.
O tempo voou e quando olhámos para o relógio já era 19H30m. Tivemos apenas tempo para ir a casa tomar um banho rápido, comer alguma coisa, trajar e partir novamente para o local do espetáculo.
Pelo caminho fomos encontrando vários grupos de Alviobeirenses que decidiram ir a pé até Ceras, a noite assim convidada. A população de Ceras também marcou presença e a moldura humana foi-se fazendo.
À medida que os espetadores foram chegando foram encantando-se com o local e até os mais “críticos”, que nem sempre compreendem as opções do “artista”, não ficaram indiferentes à magia do espaço e depressa compreenderam porque o “Intimidades” tinha que  ser ali feito, era o sítio certo para um espetáculo que se queria íntimo mas grandioso.
A noite chegou e com ela o local ganhava uma magia inexplicável.
As tochas acesas, uma música ambiente no ar, tornaram o local ideal para o “Intimidades”.
Às 21H30m o espetáculo começou, pela passerelle desfilaram os trajos do Rancho, primeiro, os de trabalho, depois as crianças e os domingueiros.
“…A noite caía, os corpos cansados e exaustos. Ponha-se de parte as roupas e revelava-se a intimidade e a magia da roupa interior.
Sobre a pele branca nunca exposta ao sol, assentava a simplicidade do algodão. A roupa interior era também ela reflexo de uma forma de encarar a vida e de esconder o corpo raramente revelado até mesmo na intimidade…”
E assim foi! Desvendou-se a magia da roupa interior. E as raparigas apareceram à varanda do solar da casa da eira, em roupa de noite, num quadro único.
Os homens desceram a escadaria, desfilaram e dançaram com as raparigas ao som da música "Deixas em mim tanto de ti"…
Entre o desfile dos trajos, ouviu-se poemas de Florbela Espanca e de Alberto Caeiro, e apreciou-se a beleza da dança.
O solar da casa da eira ganhou vida, e nós tentámos deixar naquele local tanto de nós quanto aquele espaço fez pelo "Intimidades”.
A todos aqueles que contribuíram para a "intimidade" deste espetáculo o nosso muito obrigado.
Porque Alviobeira Acontece!